
A menina, o sótão e o abajur em forma de anjo
Era uma vez uma menina em um sótão escuro em uma noite de chuva.
A janela permitia ver a luz dos raios que do lado de fora da casa rasgavam o céu escuro da noite como se rasga um pedaço de seda.
Os barulhos não era abafados pois a madeira do telhado não isolava o seu interior com eficácia.
Os raios e um pequeno abajur velho em forma de anjo eram a única iluminação no cômodo.
O anjo parecia tentar alcançar alguma coisa e em sua mão, ao alto, se encontrava a lâmpada incandescente em volta de uma esfera de vidro.
A primeira vista era inusitado, mas trazia algum sentido para quem o observava por alguns minutos, assim como a menina fazia.
Encolhida em um canto do sótão, ela abraçava seus joelhos e estes seguravam seu queixo.
Não se via medo em seu olhar fixo para o estranho abajur de anjo.
Era um olhar distante, perdido... talvez tanto quanto seus pensamentos.
Os trovões estrondeavam sem ritmo enquanto a chuva caía constante e forte. Os pingos da chuva batiam nas calhas do telhado como pedras no metal enferrujado do sistema de escoação da casa.
Quem não se sentiria desconfortável em um lugar assim?
Mas a menina não estava. Era como se já esperasse algo inevitável.
O barulho, o escuro, a solidão do sótão lhe eram quase familiares.
Ela já estava ali a tanto tempo que talvez ela mesmo não soubesse quanto ao certo.
Seus traços doces e sutis faziam contraste com o fundo abandonado, escuro e barulhento.
Ela não parecia procurar nada, nem ninguém, nem sequer um pensamento.
De repente, os trovões ecoaram mais fortes, os raios piscaram com mais intensidade, uma janela se abriu com o vento deixando a chuva molhar o chão de madeira e a luz que o anjo segurava piscou algumas vezes.
Delicadamente a menina se levantou sem vontade como se tivesse sido chamada por alguém que interrompeu sua viagem interna.
A luz piscou de novo e mais ameaçante.
Parecia que estava para apagar.
A menina então olhou para os do anjo e a luz que ele segurava foi se apagando à medida que ela ia ficando translúcida.
A luz se apagou e ela sumiu.
Nesse momento ela acordou lentamente.
Estava sentada no mesmo lugar de antes e a luz do abajur de anjo ainda estava acessa. Tudo como antes.
A chuva, os trovões, os raios, a escuridão, a solidão.
Ela teve um sonho, talvez um pesadelo, não se sabe.
Ao perceber o sonho ela se levantou da mesma forma que em sua ilusão e andou na direção da luz e do anjo e olhou nos olhos do anjo e perguntou-se:
“será que você existe?”
Olhou para a lâmpada e perguntou-se:
“será que você vai se apagar?”
Caminhou até a janela que se abriu em seu sonho, olhou para o lado de fora onde a tempestade castigava um campo verde inundado e se perguntou:
“será que um dia a calmaria virá?”
Seu olhar permanecia distante.
E ela virou-se, andou e dessa vez deitou-se aos pés do abajur em forma de anjo que parecia tentar alcançar alguma coisa e em sua mão, ao alto, se encontrava a lâmpada incandescente em volta de uma esfera de vidro.
Era uma vez uma menina em um sótão escuro em uma noite de chuva.
A janela permitia ver a luz dos raios que do lado de fora da casa rasgavam o céu escuro da noite como se rasga um pedaço de seda.
Os barulhos não era abafados pois a madeira do telhado não isolava o seu interior com eficácia.
Os raios e um pequeno abajur velho em forma de anjo eram a única iluminação no cômodo.
O anjo parecia tentar alcançar alguma coisa e em sua mão, ao alto, se encontrava a lâmpada incandescente em volta de uma esfera de vidro.
A primeira vista era inusitado, mas trazia algum sentido para quem o observava por alguns minutos, assim como a menina fazia.
Encolhida em um canto do sótão, ela abraçava seus joelhos e estes seguravam seu queixo.
Não se via medo em seu olhar fixo para o estranho abajur de anjo.
Era um olhar distante, perdido... talvez tanto quanto seus pensamentos.
Os trovões estrondeavam sem ritmo enquanto a chuva caía constante e forte. Os pingos da chuva batiam nas calhas do telhado como pedras no metal enferrujado do sistema de escoação da casa.
Quem não se sentiria desconfortável em um lugar assim?
Mas a menina não estava. Era como se já esperasse algo inevitável.
O barulho, o escuro, a solidão do sótão lhe eram quase familiares.
Ela já estava ali a tanto tempo que talvez ela mesmo não soubesse quanto ao certo.
Seus traços doces e sutis faziam contraste com o fundo abandonado, escuro e barulhento.
Ela não parecia procurar nada, nem ninguém, nem sequer um pensamento.
De repente, os trovões ecoaram mais fortes, os raios piscaram com mais intensidade, uma janela se abriu com o vento deixando a chuva molhar o chão de madeira e a luz que o anjo segurava piscou algumas vezes.
Delicadamente a menina se levantou sem vontade como se tivesse sido chamada por alguém que interrompeu sua viagem interna.
A luz piscou de novo e mais ameaçante.
Parecia que estava para apagar.
A menina então olhou para os do anjo e a luz que ele segurava foi se apagando à medida que ela ia ficando translúcida.
A luz se apagou e ela sumiu.
Nesse momento ela acordou lentamente.
Estava sentada no mesmo lugar de antes e a luz do abajur de anjo ainda estava acessa. Tudo como antes.
A chuva, os trovões, os raios, a escuridão, a solidão.
Ela teve um sonho, talvez um pesadelo, não se sabe.
Ao perceber o sonho ela se levantou da mesma forma que em sua ilusão e andou na direção da luz e do anjo e olhou nos olhos do anjo e perguntou-se:
“será que você existe?”
Olhou para a lâmpada e perguntou-se:
“será que você vai se apagar?”
Caminhou até a janela que se abriu em seu sonho, olhou para o lado de fora onde a tempestade castigava um campo verde inundado e se perguntou:
“será que um dia a calmaria virá?”
Seu olhar permanecia distante.
E ela virou-se, andou e dessa vez deitou-se aos pés do abajur em forma de anjo que parecia tentar alcançar alguma coisa e em sua mão, ao alto, se encontrava a lâmpada incandescente em volta de uma esfera de vidro.
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