domingo, 10 de agosto de 2008

Amizade em questão


Até que ponto devemos dar credibilidade a alguém?


Hoje é domingo, 10 de agosto de 2008, são 8:00 horas da manhã e ao invés de estar dormindo – inclusive por ter saído na noite anterior para ver amigos de longa data dos quais eu estava com saudades – como de costume para mais tarde acordar e almoçar com o meu pai ( hoje é dia dos pais ), eu simplesmente perdi o meu sono, mais uma vez.

Esse mês de Julho me aconteceu algo que me abalou profundamente e colocou em prova a minha capacidade de ser algo que para mim é de extrema importância e talvez uma das poucas coisas que eu saiba de fato fazer: ser amigo. Até onde vai uma amizade? O que devemos ou não fazer para sermos realmente amigos das pessoas? E a minha mais nova pergunta: quanta credibilidade devemos dar a cada pessoa para opinar sobre o quanto somos amigos de verdade?

Não houve alguém que pudesse me dizer que não sei ser amigo de verdade apesar de todos os meus defeitos como pessoa pois no final meus sentimentos sempre foram muito sinceros. Defeitos? Tenho meus milhares deles: distraído, esquecido, precipitado, inseguro, covarde, sentimental, irresponsável, desorganizado, brincalhão, ingênuo e mais alguns sendo eles adaptados a cada situação, obviamente, mas os meus sentimentos são únicos, verdadeiros e claros. Não há como negar isso porque não sei fingir que tenho sentimento por alguém a quem não o tenho.

Agora, volto para a questão da credibilidade: quem a merece ter para opinar sobre o assunto? A quem devo-a entregar afinal? À alguém que no primeiro “deslize” de uma relação coloca tudo a perder e se utiliza de mágoa para gerar mais mágoa? Alguém que escolheu a dedo momentos para jogar ao alto sem o menor medo das conseqüências sabendo de cada uma delas? Julgando meus atos com total imparcialidade sem olhar para os dois lados dessa moeda? Sem respeitar a mim como pessoa, como amigo, como pessoa querida, com os meus sentimentos, pelo simples fato de se sentir certa e magoada e questionar que tipo de amigo eu sou com ela?

Quero relatar um episódio: 3 anos atrás, tive uma conversa muito séria com uma pessoa importante da minha vida. Ela estava totalmente magoada com uma situação que no fundo foi um mal-entendido que acabou por recair sobre mim. Lembro-me que ela não se poupou de palavras para demonstrar o quanto triste, decepcionada, magoada ela estava. Fui até mesmo questionado sobre nossa amizade e o jeito com que eu agia me dizendo amigo de verdade, mas ela não usou de mágoa para magoar outra pessoa. Para mim, amigos não fazem isso. Conversamos, nos entendemos, esclarecemos as coisas e hoje eu a chamo como irmã. Temos uma distância enorme entre nós: faculdades, família, relacionamentos, outras amizades, estágios, falta de tempo, mas isso não nos distância em momento nenhum. Sei que no momento em que eu precisar de ajuda, posso contar com ela e sei que ela não pode saber quando eu vou precisar se eu não pedir. Aliás, ela não é muito boa nisso até porque eu disfarço muito algumas de minhas tristezas. Ela é o colo acolhedor de um irmão de verdade. Isso é amizade, na minha opinião.

A onde quero chegar: será que um amigo de verdade iria se usar de dor e mágoa para ferir o outro sem se quer pensar no que o outro vai sentir? Isso é ser amigo? Se for eu não sei ser amigo de ninguém. Agir assim sem o menor discernimento e ferir alguém só porque se está magoado? Esquecer das coisas que fiz de coração para estar do lado, ajudar e ser alguém para dividir tristezas e alegrias? Ignorar os sentimentos tantas vezes demonstrados como verdadeiros? Os momentos tão felizes que passamos juntos? Talvez essa pessoa não mereça credibilidade para julgar o quanto sou amigo de verdade. Já dizia um sábio que todos somos responsáveis pelo que cativamos.

Não é porque uma rosa nos arranha com seus espinhos que devemos arranca-la do nosso jardim.

Não se retribui mágoa com mágoa entre amigos.

Não se deve machucar alguém só porque fomos machucados.

E aqui estou, sem sono, dormindo mal tem quase um mês, sem conseguir estudar direito, triste por dentro, sem saber como lidar com isso tudo, magoado também, sem saber como isso tudo vai ficar, tentando me concentrar nas minhas obrigações pois não posso misturar meus sentimentos com a minha carreira ( apesar da minha dificuldade em fazer essa articulação )... mas e daí? Acho que ela não se importa com isso. Vai dizer que fiz pior com ela e que ela passou por pior minha causa.

Talvez eu deva questionar essa amizade também...

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