terça-feira, 19 de agosto de 2008

Ter você...


Ter você


Numa busca descuidada

Você me encontrou sem querer.

Numa troca de olhares

Vi uma noite estrelada.

Num beijo muito esperado

Viajei e respirei outros ares.

Num momento de carinho

Senti que não estava sozinho.


Sua beleza me hipnotizou.

Seu jeito me encantou.

Ouvir você falar era como

Entrar no seu mundo,

Conhecer seu profundo.


Sequei suas lágrimas

E delas refiz seu riso.

Nele encontrei um recanto

Perdido no oceano.

O seu sorriso

Me deixou perdido

Nesse lugar lindo

E acabei saindo

Pedindo

Pra ficar lá contigo.


Merecer seu coração

É uma responsabilidade.

Fazer você feliz

Tem que ser prioridade.

Ter você, não sei, me parece

Uma possibilidade.

Você gosta de

Sinceridade.


Ter você...seria minha

Felicidade.


Rio, 19/08/08

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Minha dor e minha Recompensa

Minha dor e minha Recompensa

Não venha me dizer

Que o sinto é besteira

Pois minha dor pode ser

Besteira para você.


Não meça meus sentimentos

Você não gostaria que

Eu medisse os seus.

Tudo é simples pelos olhos

Que podem ver a dor.

Não tão simples pelos olhos

Que não a podem ver.

Dores que acontecem em momentos

Mas doem o tempo que for.


Sou ciente do que escolho

Nada escapa do meu olho.

Sei onde piso, ando... e sei

O que está pensando:

Não, eu não prefiro sofrer.

Prefiro o certo a se fazer.


Louco? Talvez. Quem sabe?

Talvez eu faça o que você não pode,

Não quer, nem teria coragem...

Por isso não me entende e nem pode.

Não ajo como os outros agem

Porquê busco o que ninguém quer.

Sofro pelo que ninguém quer.


Minha dor tem motivos

Fortes e verdadeiros.

Condizem com os meus uivos.


Uma coisa ninguém pode negar:

Eu sei ser feliz assim.

Talvez eu viva para a felicidade

Dos outros e assim ser feliz.

Pelo menos, minha dor me recompensa...

E a sua?

Rio, 18/08/08

sábado, 16 de agosto de 2008

“O mundo dá voltas...” mas...

“O mundo dá voltas...”

Essa semana eu ouvi isso. Dias depois me peguei refletindo sobre isso. De fato, o mundo dá voltas. As coisas mudam de perspectiva, o tempo passa e não é o mesmo, as situações mudam, o que se passou não muda, estejamos nós arrependidos ou não... mas será que tudo é diferente?

Ontem foi um dia quente, fez sol. Até mesmo a noite foi quente. Hoje, isso se repetiu. Mas será que isso quer dizer que amanhã será igual ao ontem ou ao hoje? Mas uma certeza nós temos: o sol sempre vai nascer no leste. O mundo deu voltas alguma coisa não mudou, afinal. Bobagem? Óbvio? Talvez nesse assunto geográfico. Mudemos então de enfoque.

Pense na sua vida como o planeta Terra. Ela já deu várias voltas, com certeza. Mas será que tudo mudou? Seu sol nasceu em outra direção? Quantas vezes nós repetimos certas coisas? Erros, atitudes, acertos, certezas, dúvidas, pensamentos, sentimentos...

Quantas vezes você não aceitou seus erros e os ficou justificando com um monte de outras coisas que, apesar de terem até alguma influência, não justificam ainda? Quantas vezes você se negou a aceitar uma situação que era inevitável e por isso não teve tempo de se preparar para ela ao invés de desacreditar dela piamente? Quantas vezes você viveu uma situação sem sequer se prevenir mesmo já tendo passado por ela antes? Quantas vezes você acreditou em alguma coisa que sabia que não podia acreditar? Quantas vezes nos deixamos de lado por coisas que vão fazer o mesmo conosco?

Quantas vezes, em dúvidas, você escolheu aquilo que queria que acontecesse ao invés de escolher o que seria mais provável de acontecer?

Parece que nossas vidas têm seus Sóis, brilhantes ou escuros. Talvez isso nos torne quem somos. Nossas qualidades, defeitos, manias, jeitos, formas de agir, assimilar, pensar e sentir. Só que as vezes nos machucamos pois Sóis escuros que nascem todos os dias são como feridas que doem toda vezes que são tocadas. Se são coisas que nos fazem sofrer, sentir dor, por que não as mudamos? Será que diferente do verdadeiro Sol, podemos muda-los para coisas que não se repetem todos os dias como as oportunidades da vida? Como a chance de conhecer alguém interessante, como a chance de ganhar um beijo, como a chance de ganhar um emprego bom, como a chance de encontrar um bom amigo em um momento de necessidade, como uma chance de realmente pronto para fazer o que se precisa?

Seria isso possível? Será que deixaríamos de ser nós mesmos se mudássemos isso? Será que seria assim tão diferente? Será que seriamos tão diferentes?

Uma coisa eu tenho certeza: acho que sofreríamos menos das nossas dores egoístas. Sorte que, ainda sim, podemos reconhecer cada um dos nossos erros e defeitos e tentar viver com eles da melhor forma que pudermos.

Parece que o mundo dá voltas, mas as vezes paramos no mesmo lugar...

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Um luto por um desconhecido e um pelo mundo...



Hoje senti um vazio tão grande. Soube que um aluno da minha faculdade cometeu suicídio. Eu se quer o conhecia dos corredores. Se conversamos três vezes, foram muitas vezes. Eu não sei nem mesmo dizer se eu poderia esperar isso dele, se ele era uma pessoa feliz, ou com problemas sérios... não posso inferir nada com certeza. O fato é que de alguma forma, a noticia me pesou como uma enorme perda. Me senti vazio, triste e tocado. Parece que por um momento fiquei procurando um motivo para ele ter feito isso e sem explicação eu senti muita, muita tristeza, meus olhos encheram-se de lágrimas e fiquei estático. Não sei, mas sinto como se eu tivesse sentido o que ele sentia. Uma tristeza forte e profunda, que eu mesmo não consegui agüentar. Eu queria saber o que ele sentiu, o que ele sentia, não como uma busca de uma razão para o suicídio, mas para tanta dor. Será que ele estava sentindo toda a tristeza que eu estava vivendo naquele momento?

Pode ser uma completa assimilação desconexa minha, mas será que o mundo que estamos construindo, que construímos, não está doente? Por que as pessoas tem cometido suicídio? Não só o suicídio, mas os assassinatos, estupros, violências injustiças quais quer... por que? Tem algo errado. Nosso mundo está doente, carente, egoísta, fechado, perigoso, morrendo e matando. Parece que as pessoas só esperam as coisas das outras. E quando alguém faz, não é reconhecido, é tratado como otário, tolo, muitas vezes sente que foi em vão. As pessoas têm medo de serem feridas, mas não tem a menor piedade na hora de ferir os outros. Como se pode ter um mundo melhor onde ninguém tem vontade de fazer com que ele fique melhor de verdade?

Esse não é o mundo que eu sonho viver um dia, mas eu ainda acredito que isso pode mudar. Eu acredito nos seres humanos, de alguma forma ainda. Temos tantas coisas boas nesse planeta, cada lugar lindo, seres incríveis com quem dividimos esse chão, essa água, esse ar, e os seres humanos são capazes de coisas inimagináveis como criar, melhorar, amar... por que não acreditar que o mundo pode ser um lugar melhor? Eu prefiro acreditar nisso do que pensar que ele vai ficar pior do que já está. Desacreditar em uma saída só te faz desistir antes do que deve. Eu procuro fazer minha parte e nunca deixar de acreditar. Talvez um dia eu possa ver que fiz minha parte para uma outra geração viver em um lugar melhor.

Espero de coração que apesar de ter tomado essa decisão, esteja em um lugar melhor como o mundo em que eu acredito. Que Aquele Ser Superior Lá de Cima te receba de braços abertos, cheio de compaixão e carinho para acolher seu coração tão triste. Que de lá você possa fazer mais por quem você ama e os conforte pela dor de não te ter entre eles de corpo presente.

Dedico a você esse post como forma de luto e desejo de paz, à você e à todas as pessoas para esse mundo, um dia, ser melhor...(e que você esteja num lugar tão bonito quanto o da foto do post)

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domingo, 10 de agosto de 2008

Amizade em questão


Até que ponto devemos dar credibilidade a alguém?


Hoje é domingo, 10 de agosto de 2008, são 8:00 horas da manhã e ao invés de estar dormindo – inclusive por ter saído na noite anterior para ver amigos de longa data dos quais eu estava com saudades – como de costume para mais tarde acordar e almoçar com o meu pai ( hoje é dia dos pais ), eu simplesmente perdi o meu sono, mais uma vez.

Esse mês de Julho me aconteceu algo que me abalou profundamente e colocou em prova a minha capacidade de ser algo que para mim é de extrema importância e talvez uma das poucas coisas que eu saiba de fato fazer: ser amigo. Até onde vai uma amizade? O que devemos ou não fazer para sermos realmente amigos das pessoas? E a minha mais nova pergunta: quanta credibilidade devemos dar a cada pessoa para opinar sobre o quanto somos amigos de verdade?

Não houve alguém que pudesse me dizer que não sei ser amigo de verdade apesar de todos os meus defeitos como pessoa pois no final meus sentimentos sempre foram muito sinceros. Defeitos? Tenho meus milhares deles: distraído, esquecido, precipitado, inseguro, covarde, sentimental, irresponsável, desorganizado, brincalhão, ingênuo e mais alguns sendo eles adaptados a cada situação, obviamente, mas os meus sentimentos são únicos, verdadeiros e claros. Não há como negar isso porque não sei fingir que tenho sentimento por alguém a quem não o tenho.

Agora, volto para a questão da credibilidade: quem a merece ter para opinar sobre o assunto? A quem devo-a entregar afinal? À alguém que no primeiro “deslize” de uma relação coloca tudo a perder e se utiliza de mágoa para gerar mais mágoa? Alguém que escolheu a dedo momentos para jogar ao alto sem o menor medo das conseqüências sabendo de cada uma delas? Julgando meus atos com total imparcialidade sem olhar para os dois lados dessa moeda? Sem respeitar a mim como pessoa, como amigo, como pessoa querida, com os meus sentimentos, pelo simples fato de se sentir certa e magoada e questionar que tipo de amigo eu sou com ela?

Quero relatar um episódio: 3 anos atrás, tive uma conversa muito séria com uma pessoa importante da minha vida. Ela estava totalmente magoada com uma situação que no fundo foi um mal-entendido que acabou por recair sobre mim. Lembro-me que ela não se poupou de palavras para demonstrar o quanto triste, decepcionada, magoada ela estava. Fui até mesmo questionado sobre nossa amizade e o jeito com que eu agia me dizendo amigo de verdade, mas ela não usou de mágoa para magoar outra pessoa. Para mim, amigos não fazem isso. Conversamos, nos entendemos, esclarecemos as coisas e hoje eu a chamo como irmã. Temos uma distância enorme entre nós: faculdades, família, relacionamentos, outras amizades, estágios, falta de tempo, mas isso não nos distância em momento nenhum. Sei que no momento em que eu precisar de ajuda, posso contar com ela e sei que ela não pode saber quando eu vou precisar se eu não pedir. Aliás, ela não é muito boa nisso até porque eu disfarço muito algumas de minhas tristezas. Ela é o colo acolhedor de um irmão de verdade. Isso é amizade, na minha opinião.

A onde quero chegar: será que um amigo de verdade iria se usar de dor e mágoa para ferir o outro sem se quer pensar no que o outro vai sentir? Isso é ser amigo? Se for eu não sei ser amigo de ninguém. Agir assim sem o menor discernimento e ferir alguém só porque se está magoado? Esquecer das coisas que fiz de coração para estar do lado, ajudar e ser alguém para dividir tristezas e alegrias? Ignorar os sentimentos tantas vezes demonstrados como verdadeiros? Os momentos tão felizes que passamos juntos? Talvez essa pessoa não mereça credibilidade para julgar o quanto sou amigo de verdade. Já dizia um sábio que todos somos responsáveis pelo que cativamos.

Não é porque uma rosa nos arranha com seus espinhos que devemos arranca-la do nosso jardim.

Não se retribui mágoa com mágoa entre amigos.

Não se deve machucar alguém só porque fomos machucados.

E aqui estou, sem sono, dormindo mal tem quase um mês, sem conseguir estudar direito, triste por dentro, sem saber como lidar com isso tudo, magoado também, sem saber como isso tudo vai ficar, tentando me concentrar nas minhas obrigações pois não posso misturar meus sentimentos com a minha carreira ( apesar da minha dificuldade em fazer essa articulação )... mas e daí? Acho que ela não se importa com isso. Vai dizer que fiz pior com ela e que ela passou por pior minha causa.

Talvez eu deva questionar essa amizade também...

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Nós e a solidão


Nós e a solidão


A solidão se alimenta de desesperança

E nos passos dessa dança

Se perde a seqüência

Dos fatos e das conseqüências.


O fluxo do dia diminui

E as horas custam anos,

E vemos a fraqueza do humano

Que não agüenta tanto devaneio,

E sozinho não sabe à que veio

E assim ele conclui.


Pensamentos todos, atormentam

A mente do dançarino desacompanhado

Que viaja neles em vão.

Qualquer espaço se torna pequeno

Pois muitos são os passos

E não terminam.

De um para outro lado

Aos poucos vai se tomando esse veneno.

E começam os lapsos.


Lapsos de razão

Ou de falta dela

Até você não dar mais vazão

Vomitando palavras ou ações.

Um pé, o outro atropela.


A melodia composta

Por silêncios e sons quais quer

Embala o descompasso do tempo

Liga os pensamentos desconexos

E dá razão aos absurdos...

É do que a solidão gosta,

Na verdade é o que ela quer.

Ela não fala.

Só quer que a siga.


Porque no fundo,

Ela também precisa de alguém

Mas não há no mundo

Quem a faça perceber isso.


Rio, 5/08/08