segunda-feira, 14 de julho de 2008

A mais longa espera

A mais longa espera

Hoje é uma noite fria de inverno

E nesse branco e gelado inferno

Estou sentado na estação,

Olhando pros lados sem expressão.


Já faz tanto tempo que estou aqui

Que não sei mais quem espero...

Se espero ou seu sou esperado

E nem pareço preocupado.


Só sinto o tempo passar

Quando percebo que está mais frio.

Aí me lembro que a madrugada está a avançar.


Tem um telefone quebrado balançando pelo fio.

A neve parece poder alcançar

Meus tornozelos só de olhar.


A luz que ilumina meu banco

Parece a única em alguns metros.

Dá pra ouvir o uivo do vento como um canto.

Dá pra ver a neve cair por um buraco no teto.


A estação parece até abandonada.

Faz tempo que não vi um único trem.

Será que eu esperava o último

Ou teria vindo nele?


Sinto que está, só por mim habitada.

Nem mesmo animais aqui têm.

Algo me diz pra ficar, no meu íntimo,

Mas teria um motivo ele?


Quem será que eu espero?

Será que vem alguém?

Não sinto que vou ter o que quero

E não vai aparecer ninguém.


Mas vou ficar e esperar

Pois não tenho outro lugar

Pra poder ficar, e a pessoa virá...

Não virá?

Virá...

Não é?


Rio, 14/07/08

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