quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Inversão de Valores...



Estamos na geração ciência. Tudo o que existe se torna questionável até que uma explicação científica apareça. Não nos satisfazemos em não saber alguma coisa ou não classifica-la. Por que será que temos essa sede desenfreada em desvendar todos os mistérios e partes do mundo que não entendemos? E não é pelo simples fato de conhecer aquela “coisa” q não entendemos, é pela necessidade de entender, classificar e conhecer tudo.


Eu estava em uma das minhas aulas – talvez uma das que eu mais goste e quem sabe, por isso, seja aquela em que mais aprendo – quando em algum momento um aluno questionou o professor a atitude de um suposto filósofo em uma suposta cidade ideal. O professor falava sobre a dívida de desse filósofo depois de ter alcançado o Mundo das Idéia, proposto por Platão. O jeito de retribuir essa dívida, partindo do ponto que a cidade deu os subsídios para ele alcançar o Bem, era voltar para a cidade e transmitir tudo o que pode vislumbrar o mundo das idéia e assim reorganizar o mundo das Coisas de uma maneira melhor. O aluno questionou o professor o que aconteceria se o filósofo não quisesse realizar esse feito. O argumento do professor foi que por ter vislumbrado o mundo das Idéias e poder entender as Idéias, como a de Justiça, ela o faria mesmo que fosse contra a sua vontade pois saberia que seria justo o compartilhar de sua experiência, e assim o faria. O aluno continuou a não entender e insistiu em mais algumas explicações. Chegou até o momento em que ele questionou “Mas o que ele iria ganhar com isso, o que ele ia ganhar em troca?”. Nesse momento eu fiquei um tanto triste porquê percebi que ele não tinha percebido o valor que tinha a sociedade ajudar o homem a alcançar o mundo das Idéias de Platão, ou seja, o simples ato de refletir e se permitir ver as essências das Idéias – justiça, amor, coragem, modéstia, honestidade, honra, entre outras. O que ele ia ganhar em troca? Será que tudo o que podemos ver como ganho são coisas palpáveis? Só coisas matérias em nossas relações sociais, trocas de todos os tipos? Será que estamos reduzidos à seres interesseiros? Outra questão: será que perdemos os verdadeiros valores da vida? Será que aprender, ganhar o dom da reflexão e assim poder transformar nossas vidas e mundo? Isso seria pouco ou até mesmo nada?


O desfecho da aula foi um apelo do professor dizendo que ele gostaria de continuar acreditando que não estamos reduzidos a esse modo pobre de viver e ver a vida. Que nós lembrássemos de valores como honra, respeito, desapego, bondade, justiça e nos utilizando da Filosofia para refletirmos sobre a vida e o mundo.


Apesar de tudo, eu vi um lado positivo dessa situação toda: parece que existem mais pessoas por ai que pensam como eu. Meu professor foi o exemplo da vez. Eu concordo plenamente com ele e também continuo acreditando nas pessoas. Acredito que por ver pessoas como ele, que pensam parecido comigo, é que eu ainda tenho esperança de tudo mudar e melhorar.

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