segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O Verdadeiro Respeito



As grande mudanças do mundo acontecem em pequenos passos.

Parece que isso é a mais pura verdade. As pessoas não admitem as mudanças com facilidade, e toda mudança requer uma nova organização logo, despendimento de energia psíquica. Será que isso justifica impedirmos ou tentarmos impedir as mudanças?

Uma história que aconteceu esse fim de semana, mais exatamente no domingo, dia da Parada do Orgulho Gay de Copacabana, me deixou muito perplexo. Estavam distribuindo corações de papel, com fundo de arco-íris e uma mensagem que dizia “Sem preconceito”. No verso desse panfleto tinha uma mensagem que continha como idéia central sobre ser possível deixar de ser gay.

Será que não se pode ter o mínimo de respeito sobre o que se é no dia e no evento sobre ter orgulho do que se é? Será que mesmo que as pessoas nunca vão respeitar de verdade aquilo que os outros podem ter de diferente delas? “Sem preconceito”, porém “Deixe de ser gay”. Depois de ver isso, é bem capaz de que ainda existam muitas pessoas que pensem q ser gay é uma opção, quando na verdade é um jeito de ser. Você escolheu gostar do seu prato preferido, gostou? Você simplesmente gosta dele. Assim é com a sexualidade, na minha opinião. Certo ou errado? Quem somos nós para julgar? Parece que nos falta muito para respeitar o próximo de verdade. Sendo mais específico Respeito, ou seja, deixar cada um ser livre para viver como quiser sem agredir ninguém com isso, sem tentar converter ninguém a nada, sem ofender ninguém, cuidando da própria vida e olhando o que se tem para resolver dentro de si. Talvez o problema não esteja em quem é gay, mas em quem não Respeita quem é gay.

Para completar minha perplexidade, mais uma história. Dessa vez, um homem, com uma bíblia na mão entra em um ônibus recém saído da mesma Parada do Orgulho Gay, entregou um panfleto também – porém não sei o que continha – e começou a pregar com um discurso sobre Deus e Jesus Cristo amarem todos os seres humanos sem distinção inclusive de religião, mas ao distribuir os panfletos ele dizia “Só Jesus salva”. Parece incoerente para você também? Não satisfeito todo seu discurso sobre o “amor incondicional” daquele Deus em nome de Quem ele pregava terminou sua pregação dizendo “se preparem porquê Jesus vai voltar”. Pareceu pressão psicológica para você também? Pois é, que Deus é esse de Quem ele fala que diz que Ele ama a todos, mas so Jesus salva? Onde entram os Budistas, Islâmicos, Umbandistas, Judeus... Parece que o desrespeito foi além da sexualidade dessa vez e chegou ao ponto da fé.

Será que é assim tão complicado deixar os outros viverem aquilo que os faz bem, já que não fazem mal a ninguém? É tão importante sermos todos heterossexuais ou de mesma religião para o mundo ser um lugar melhor? Ou será que uma simples e verdadeira dose de Respeito (O verdadeiro) resolveria os problemas de um mundo egoísta como o nosso?

Falta muito para essa mudança acontecer, infelizmente, mas a cada dia damos mais um passo nessa direção e assim é um passo a menos para chegarmos.

Queria terminar com uma frase do Gabriel, O Pensador:

“Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente.
A gente muda o mundo na mudança da mente.
E quando a gente muda a gente anda pra frente”
Gabriel, O pensador – Palavras Repetidas

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Inversão de Valores...



Estamos na geração ciência. Tudo o que existe se torna questionável até que uma explicação científica apareça. Não nos satisfazemos em não saber alguma coisa ou não classifica-la. Por que será que temos essa sede desenfreada em desvendar todos os mistérios e partes do mundo que não entendemos? E não é pelo simples fato de conhecer aquela “coisa” q não entendemos, é pela necessidade de entender, classificar e conhecer tudo.


Eu estava em uma das minhas aulas – talvez uma das que eu mais goste e quem sabe, por isso, seja aquela em que mais aprendo – quando em algum momento um aluno questionou o professor a atitude de um suposto filósofo em uma suposta cidade ideal. O professor falava sobre a dívida de desse filósofo depois de ter alcançado o Mundo das Idéia, proposto por Platão. O jeito de retribuir essa dívida, partindo do ponto que a cidade deu os subsídios para ele alcançar o Bem, era voltar para a cidade e transmitir tudo o que pode vislumbrar o mundo das idéia e assim reorganizar o mundo das Coisas de uma maneira melhor. O aluno questionou o professor o que aconteceria se o filósofo não quisesse realizar esse feito. O argumento do professor foi que por ter vislumbrado o mundo das Idéias e poder entender as Idéias, como a de Justiça, ela o faria mesmo que fosse contra a sua vontade pois saberia que seria justo o compartilhar de sua experiência, e assim o faria. O aluno continuou a não entender e insistiu em mais algumas explicações. Chegou até o momento em que ele questionou “Mas o que ele iria ganhar com isso, o que ele ia ganhar em troca?”. Nesse momento eu fiquei um tanto triste porquê percebi que ele não tinha percebido o valor que tinha a sociedade ajudar o homem a alcançar o mundo das Idéias de Platão, ou seja, o simples ato de refletir e se permitir ver as essências das Idéias – justiça, amor, coragem, modéstia, honestidade, honra, entre outras. O que ele ia ganhar em troca? Será que tudo o que podemos ver como ganho são coisas palpáveis? Só coisas matérias em nossas relações sociais, trocas de todos os tipos? Será que estamos reduzidos à seres interesseiros? Outra questão: será que perdemos os verdadeiros valores da vida? Será que aprender, ganhar o dom da reflexão e assim poder transformar nossas vidas e mundo? Isso seria pouco ou até mesmo nada?


O desfecho da aula foi um apelo do professor dizendo que ele gostaria de continuar acreditando que não estamos reduzidos a esse modo pobre de viver e ver a vida. Que nós lembrássemos de valores como honra, respeito, desapego, bondade, justiça e nos utilizando da Filosofia para refletirmos sobre a vida e o mundo.


Apesar de tudo, eu vi um lado positivo dessa situação toda: parece que existem mais pessoas por ai que pensam como eu. Meu professor foi o exemplo da vez. Eu concordo plenamente com ele e também continuo acreditando nas pessoas. Acredito que por ver pessoas como ele, que pensam parecido comigo, é que eu ainda tenho esperança de tudo mudar e melhorar.