segunda-feira, 14 de julho de 2008

A mais longa espera

A mais longa espera

Hoje é uma noite fria de inverno

E nesse branco e gelado inferno

Estou sentado na estação,

Olhando pros lados sem expressão.


Já faz tanto tempo que estou aqui

Que não sei mais quem espero...

Se espero ou seu sou esperado

E nem pareço preocupado.


Só sinto o tempo passar

Quando percebo que está mais frio.

Aí me lembro que a madrugada está a avançar.


Tem um telefone quebrado balançando pelo fio.

A neve parece poder alcançar

Meus tornozelos só de olhar.


A luz que ilumina meu banco

Parece a única em alguns metros.

Dá pra ouvir o uivo do vento como um canto.

Dá pra ver a neve cair por um buraco no teto.


A estação parece até abandonada.

Faz tempo que não vi um único trem.

Será que eu esperava o último

Ou teria vindo nele?


Sinto que está, só por mim habitada.

Nem mesmo animais aqui têm.

Algo me diz pra ficar, no meu íntimo,

Mas teria um motivo ele?


Quem será que eu espero?

Será que vem alguém?

Não sinto que vou ter o que quero

E não vai aparecer ninguém.


Mas vou ficar e esperar

Pois não tenho outro lugar

Pra poder ficar, e a pessoa virá...

Não virá?

Virá...

Não é?


Rio, 14/07/08

Egoísmo e indiferença...

É engraçado. Você já reparou como nós seres humanos somos egoístas? Não numa análise simples, mas em uma bem aprofundada e complexa? Podemos começar dizendo que Como já havia escrito Aristóteles em sua Política, o homem é um animal essencialmente político e sociável. Talvez por isso vivamos em sociedade. Será? Acho que pode ser uma mera questão de interesses também. Não é uma visão pessimista, mas uma visão real.

Quantas vezes você já se pegou satisfazendo suas próprias vontades e necessidades ignorando algumas pessoas? Não é absurdo, pense bem. Você já gostou muito de uma coisa que queria ela para você? E por isso ignorou o fato de alguém precisar ou querer tê-la? Você agora deve estar pensando: mas se ela não tem é culpa minha? Eu acho que sim. Não só sua, mas de todos nós, o que torna o egoísmo humano uma arma mais devastadora pois além de usada em massa, é contagiosa. Basta um pensar assim e o outro pode começar a pensar da mesma forma.

Exemplo simples: quantas vezes você já jogou lixo no chão? Quantas vezes fez porque alguém também fez? Quantas vezes justificou “mas eu nunca faço isso, foi uma vez só”?

Estou sentindo na pele o que é ser egoísta: tanto da parte da culpa quanto da parte da vítima dela. Para mim é tão estranho estar no papel de egoísta. Eu confesso que não sinto quando estou sendo, mas pelo que conheço de minha personalidade e do que ouço sobre mim, não sou assim. Eu não gosto, mas tem sido difícil evitar. O egoísmo tem uma conseqüência assustadora, pelo menos para mim: a indiferença. Quando se é egoísta, se é indiferente, em muitos casos. Quando você pensa em você mesmo é difícil fazer uma pausa para pensar nos outros.

A indiferença tem um gosto estranho. Ela começa sem muito sabor, depois passa a ter um gosto doce e termina bem amargo. Você não sente quando ela vem. Em seguida ela fica doce pois você sente bem por não estar se importando com as coisas ao seu redor e estar pensando em você e isso é bom de alguma forma. Depois fica amargo porquê você percebe que não é o centro das coisas e que quando age assim, passa por cima dos outros, até de quem você gosta. O pior não é nem isso, mas sim que no mundo que vivemos, no momento em que estamos, a indiferença de um alimenta a do outro e assim por diante retroalimentando um clico triste.

Eu não cai nesse ciclo, mas sei que me sinto indiferente a muita coisa. Parece que estou egoísta de alguma forma, mas a indiferença é uma certeza agora. Estou indiferente. Minha maior prova disso foi não ter sofrido quando me entreguei a uma verdade. Eu já sabia sobre ela. Fui avisado com antecedência, mas não iria ser por isso que ela não iria doer. Eu não costumo desistir das coisas com facilidade, e essa não foi uma coisa da qual desisti. Mas foi estranho... não doeu. Não doeu por eu já saber? Não seria um bom motivo no meu caso. Eu só assimilei e acabou. Assim...

Foi estranho, confesso. Isso não faz parte de mim. E tem outras coisas acontecendo comigo que também estão me deixando surpreso a forma com que estou reagindo a elas.

Será que estou cedendo e me tornando o que eu não reconheço como parte de mim? Será que sempre fui pretensioso ao pensar que eu dificilmente iria viver sentimentos assim?

Já se sentiu dessa forma? Vivendo indiferente? Egoísta? Querendo aquilo que não te pertence? Querendo se satisfazer acima de tudo? Para mim está sendo assustador toda vez que vejo como estou agindo...

OBS: o mais estranho e olhar pra dentro e ter consciência de que estou assim, estou agindo assim, mas não conseguir agir diferente.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Minha Droga


Minha Droga

Sinto que preciso de mais

Pois já estou sóbrio de novo.

Quero escapar da vida uma vez mais.


Fugir desse mundo ruim,

Onde tudo de bom tem fim.

Onde não me ajusto.


Preciso de mais...

Quero outra dose...

Dessa vez, maior!

Perder os sentidos,

E me embriagar.

Embarcar nessa viagem

E flutuar no ar.


Não ver ninguém.

Não sentir ninguém.

Não ouvir ninguém.


Entrar em êxtase.

Entrar em alfa.

Entrar em um mundo paralelo,

Onde nada é restrito

E o limite perde as formas.


Quando começam os efeitos

Me sinto perdendo o controle,

Viajando de dentro pra fora.

Tudo fica engraçado,

Confortável,

Quente...


Até perder o controle

E não sou mais eu

Quem me controla.

É ela, e ela faz o que quer.


Sinto correr em mim

E me enche de energia

Porquê não consigo parar,

Fico elétrico!


É a melhor coisa na minha vida.

Não quero mais viver sem.

Eu gosto...

Eu quero...

Eu preciso...

Não quero mais viver sem.

É a melhor coisa na minha vida.


Não, não é vício.

É minha diversão.

Meu maior prazer.


Me dá mais?

Muito mais?

Qual a minha droga?

A música!


Rio, 02/07/08


Meu jeito de dizer que amo música!
Eletrônica, pop, hip hop, MPB, rock, dance...
O importante é me fazer bem.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Teu Jardim Secreto


Teu jardim secreto

Me permita entrar no seu mundo

E andar nos caminhos do teu eu.

Ver as flores do teu jardim

E caminhar olhando o horizonte sem fim.

Ver o que habita esse lugar tão seu

Que se esconde no teu profundo.


Atrás dessa muralha cinza

Teu reino escondido é reluzente.

O dia claro e o sol quente,

Elfos, animais e fadas

E no rosto sinto a brisa.


E quem acreditaria quem em minha jornada

À uma terra, que se acreditava, despovoada,

Onde o inverno governaria gélido

No entanto, o gelo foi vencido.


Por uma terna e cálida Primavera,

Sinal de esperança nesse solo perdido

Atrás de cinzas-frias-pedras empilhadas.

E agora entendo o porquê de ser secreta...

É intocada, por isso tão bela...

E se defendeu com um muro por um dia

Ter sido ferida.

Só pode ter sido... tenho certeza...


Sorte minha ter tateado, com nuas mãos,

Curioso para dessa parede passar

E olhar por trás de tão firme proteção...


Rio, 26/09/07


Essa é uma das fotos que mais gosto. Representa um lugar muito especial pra mim. Esse é um dos poemas que mais gosto. Dedicado hoje, a alguém que gosto muito...

Desejos, Dons e Maldições


"Tem horas que eu queria poder entrar nos seus pensamentos como entro em uma sala. Queria que seus pensamentos me fossem claros como essa sala, onde eu posso ver tudo o que está a minha volta. Queria poder entender a lógica que alimenta seus pensamentos assim como entenderia como funciona a dinâmica dessa sala. Queria que com um simples tocar do meu olhar eu pudesse ver o sentido de tudo o que se passa em você assim como seria nessa sala.

Queria conhecer seus segredos mais profundos assim como poderia conhecer todo o conteúdo daquela sala, gaveta por gaveta, embaixo de cada tapete, atrás de cada armário. Saber quais são as coisas mais importantes que existem em você assim como nessa sala. Queria poder chamar seus pensamentos como eu chamaria essa sala: “meu lugar”."

As vezes exageramos em alguns sentimentos, as vezes somos inseguros, as vezes temos certeza do que sentimos, as vezes não sabemos o que podemos fazer para ter o que desejamos profundamente. As vezes ficar perto de mais atrapalha e nos afastarmos se torna necessário, pois a saudade pode renovar aquilo que pode ter se tornado imperceptível apesar de importante. As vezes dizemos de mais que gostamos de alguma coisa, tanto que ela perde o valor. As vezes estamos em uma procura sem fim de algo que não existe.

Por que estamos então nessa procura? Porque procuramos algo que queremos do fundo de nossos corações e de nossas crenças mais poderosas.

Por que ela é sem fim? Porque nunca sabemos de fato quando ela vai acabar.

Por que pode ser algo que não existe? Porque nem sempre nossas vontades mais fortes podem ser trazidas para a realidade.

E mesmo assim vamos acreditando cada vez mais e mesmo que algumas coisas aconteçam, não desistimos. Vai ser algo que nos trará tanta felicidade, tanto conforto, paz, atenção, carinho, satisfação que não pode ser que seja uma mera ilusão. Quem poderia acreditar em algo assim? Somos seres humanos, não é? Somos capazes de maravilhas, podemos conseguir. E talvez ai esteja o poder dessa espécie, que usa seus dons de formas tão diversas e por vezes distorcidas que acabam causando a dor nos outros para ter o que quer, em benefício de um. "Todo dom é uma maldição.". O dom de criar e perseverar se equilibra com a maldição da ambição e egocentrismo.

É, parece que precisamos ter cuidado quando queremos de mais alguma coisa. Temos de ser equilibrados para sabermos muito bem o que fazemos e procuramos. Nosso maior desejo pode se tornar o nosso maior pesadelo. Podemos acabar machucando alguém em nosso caminho. Podemos nos machucar por nossa própria culpa.

Quer dizer que temos que parar de querer as coisas? Parar de lutar pelo que acreditamos? Não! Acho que a questão aqui é lembrar que “todo dom é uma maldição”. Saiba dosar o seu poder perseverança, seu poder criativo para que eles não se tornem a ambição e o egocentrismo que mata os homens, os animais, as plantas e o planeta... e que pode matar e afastar de seus próprios sonhos...

...Porque não vamos deixar de acreditar, nem de sonhar e nem gostar do que (de quem) gostamos . Nem eu...