As vezes precisamos extirpar de nossas vidas aquilo que gostamos. As coisas que amamos.
Lembranças, pessoas, amores, amizades, lugares, momentos, coisas...
Parecem inofensivas e ao mesmo tempo causadoras de um incrível bem.
"Como viver sem essa coisa boa? Por que me livrar dela? não...".
De fato as coisas que são boas para nós merecem ser conservadas. Precisamos de coisas em nossas vidas que nos causem, nos estimulem, nos incitem a felicidade. Do que serve a vida se não se pode ser feliz nem por 1 único momento?
Lembranças que nos façam rir e reviver aquele momento, objetos que nos remetem a coisas boas, pessoas que nos trazem felicidade, lugares aos quais vamos e nos fazem sorrir...
É bom sentir esse pedacinho de felicidade preso a todas essas partes de nossas vidas. Pensar como nos causam sensações indescritíveis, maravilhosas. Como descreve-las? Seria uma mera tentativa e o resultado seria incompleto, não é?
Como colocar em palavras pequenos gestos contidos em curtos espaços de tempo diante da eternidade que é o passar do tempo? Como descrever o Big Bang de sensações, pensamentos, emoções? De reações químicas, de sinapses, calafrios, arrepios, gostas de suor frio que escorreram, tremores? De excitação, ansiedade, estresse, medo, euforia? De espera, conquista, satisfação, alegria... de felicidade?
É verdade, esse momentos contidos em cada uma dessas pessoas, lugares, objetos e memórias são parte de nossas vidas e nos marcaram.
Mas e quando elas nos fazem mal?
"Mal? Não, acho que não me faz mal."
Será?
E quando você está sozinho no quarto olhando o presente? E quando você pega o ônibus sozinho e passa perto daquele lugar? E quando você acaba tendo aquela lembrança? E quando você vê aquela foto em que lá está a pessoa?... Como fica seu coração? Como você fica? O que você sente? Felicidade? É de felicidade aquela lágrima que rola pelo seu rosto? Ou pelo seu coração, para os que não choram por fora?...
Para onde vai a felicidade que te invade? Ela é dor? E se for?
Se for é preciso pensar. "Será que para mim isto serve? Me faz mas bem do que mal? Será que me impede de seguir, de tentar de novo, de continuar?". As vezes essa dor nos faz parar. Parar no tempo, na vida, na rua, em casa, em nossas mentes, em nossos corações... e ficamos estagnados, presos em lugares que não nos permitem crescer e aprender. A lição fica diante de nós sem ser aprendida. Como eternos alunos de uma disciplina que não entendemos sem sabermos o motivo. E muitas vezes o motivo somos nós, que não queremos decifra-la para subir o degrau seguinte ou dar o próximo passo. E é quando se consegue-se decifrar o que diz a mensagem que vem a pior parte. Perceber que aquilo que tanto amamos precisa ir. Precisa ser jogada fora.
E as perguntas "Como viver sem essa coisa boa? Por que me livrar dela? não..." voltam. E se dá início a pior das etapas: ter de joga-las fora. Deixar de lado tudo o que essas coisas, pessoas, lugares, momentos, sentimentos representam. É como matar uma parte de você, como retirar algo de sua existência, as vezes como tirar uma letra do seu nome ou sua marca registrada... Mas pode ser por causa dela que você ainda não se tornou uma pessoa melhor, maior. Ser forte. Ter força. Esse é o remédio. Pois pode ser matando uma parte de si que encontraremos um novo lugar dentro de nós mesmos para colocarmos algo que nós faça sorrir sem chorar, viver sem parar. Tiramos de um pedestal aquilo que veneramos e o deixamos livre para colocarmos outra coisa. Algo que nos encherá de orgulho, de vivacidade, de garra e força de vontade. Vai preencher o falso preenchimento que tínhamos com o que lá estava. Poderemos ousar, arriscar, buscar o novo e o novo pode ser melhor, pode ser diferente e por ser diferente já tem seu valor. Desafiamos a nós mesmos, por nós mesmos, para darmos algo a nós mesmos. O que se tem a perder? Se não der certo ainda podemos fazer uma vez mais. E outra, e outra... Como já foi comentado nesse blog, o dom maior do Gênero Humano é a capacidade de se recriar a vida e seus modos de ser, de viver. E algum dia, aquele objeto, pessoa, lugar, momento, sentimento vai voltar e ocupar o lugar devido, numa estante, no meio de suas lembranças e vai poder novamente te provocar o riso.
Algo de bom está fazendo mal? Reflita. Pense o que fazer com isso. Escolha o melhor pra você e escolha crescer. Escolha você e se renda a sua capacidade de transformar tudo a sua volta, inclusive você. A felicidade pode estar em lugares e coisas que você não espera.
Atreva-se.